segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Conto do vigário




Eu vi, percebi nitidamente,

O momento em que a tristeza,

Novamente chegou e entrou em meu coração.


Estremeci!

Estava ao seu lado e você nem viu.

A voz calou, emudeceu,

E o tremor agitou todo meu ser.


Foi assim, num minuto,

Pude ver o motivo pelo que me entristeceu

Fui percebendo com clareza

O conto do vigário que comigo aconteceu.


Esse é um conto diferente,

Não envolve dinheiro, mas sentimentos,

Contado as avessas, mas contundente.


Minha carne ainda treme,

Chacoalha-se dentro em mim,

Num desespero contido,

De quem foi de novo enganada,

No conto do vigário de novo caiu.


Meu coração já não agüenta mais, tanta desilusão,

Ao ver minha vida ruindo, e seus lábios sorrindo,

Pensando que estou louca, biruta ou sem coração.


Minha vida de nada vale,

E esse baque foi o pior,

Receber de Deus alguém duro,


Você não tem, lhe asseguro,

Nem coração ou sentimentos,

Só zomba de mim todo o tempo

Nem se parece o rebento

Que Deus escolheu pra mim!


Cirlene Perroud de Melo

14/05/2007 19hs

Curitiba - Paraná

Caráter é...



Caráter é fazer o que é certo quando não tem ninguém olhando.

Coração endurecido



Hoje tomei uma decisão:

Quero meu coração endurecido, impassível.

Porque ele já está encrusdecido pela dor

Um coração cravado de pedras

Para não sentir dor!


Hoje quero algo diferente:

Um coração insensível às dores do mundo

As todas as coisas e a você!


Não quero mais sensibilidade

Nem a capacidade de amar você!


Quero experimentar a liberdade

De andar pela realidade das coisas

Sem sentimentos profundos

Que permeiam as dores do mundo!


Quero saber de mim,

Mais do que sei de você!

Quero olhar pra mim

Mais do que olho pra você!


Hoje tomei uma decisão:

Não quero mais te amar

Quero te olhar e não sentir nenhuma dor

Quero te olhar e não pedir mais seu amor

Quero voltar a ser eu mesma,

Somente eu!


Hoje tomei uma decisão:

Quero você fora do meu coração

Fora da minha alma

Basta de desilusão!


Basta de implorar seu carinho,

Basta de implorar sua atenção,

Basta implorar sua lealdade,

Você não sabe o que é isso, não!


Não sabe o que é viver a dois,

Não sabe o que é desejar ser dois,

Não sabe o que é viver de amor,

Não você não sabe o que é isso, não!


Hoje, me enchi, saí daqui.

Saia de perto de mim

Se não tem nada pra me dar,

Não venha me tirar o que tenho pra mim!


Hoje tomei essa triste decisão:

Eu não queria assim.

Só queria ser amada

Mas você não sabe o que é isso, não!


Hoje meu orgulho está ferido,

Sofrido, amargo, machucado,

Arrebentado, dolorido, desesperado,

Mas você não sabe o que é isso, não!


Hoje não quero mais nada,

Mais nada! Porque você não tem

E não quer me dar nada de si.

Então fique com o pouco que tem!

Não quero mais um relacionamento de uma via só:

Amor tem duas vias: dar e receber, vai e vêm

Mas você não sabe o que isso não!


Aliás tem muita coisa que você não sabe,

Nem de mim, nem do mundo, nada!

Mas se eu consegui superar dor pior,

Com certeza vou superar isso também!


Vá, fique com o que te é mais importante,

Fique com quem sempre lhe deixou a mínguas,

Sem nem amor de mãe!


Não fique comigo só porque eu amei você,

Você esqueceu o mais importante,

Meu alimento também se chama amor!

Sem ele só tenho sentido dor!


Dor desde que nos unimos,

Porque você não quer se incomodar com nada

Nem fazendo força tentando amar!


Hoje desisto!

Chegou pra mim!

Hoje quero meu coração endurecido

Pra nunca mais amar ninguém,

Pra nunca mais mendigar amor pra você!

Pra nunca mais chorar!

Hoje tomei uma decisão!

Mas você não sabe o que isso não!


Cirlene Perroud

Pretusca

Curitiba, Junho de 2007

Abandono



O desespero é uma escuridão profunda

Mesmo que parte de mim possa desejar a vida,

Ninguém vai entender se eu desejar morrer

Não estou escolhendo morrer,

Somente a dor excedeu todo recurso para eu lidar com a dor

Não sou má, nem louca, nem fraca,

Não tenho defeito de caráter e nem defeito moral.

Eu não quero realmente morrer,

só quero parar com essa dor que eu sinto,

que os outros me infligem e parecem gostar.

Há muitos tipos de dores e nem todas levam ao suicídio,

Mas há um momento que a dor se torna insuportável.

Consegue fazer chegar ao limiar entre a lucidez e a loucura.

Nem todos têm a mesma capacidade de suportar a dor,

Mas com certeza tem um limite para cada pessoa.

O suicídio é o resultado deste limite que se excedeu.

Porque a dor nos desequilibra.

E no entanto, as pessoas reagem mal ao nosso desejo suicida.

Ninguém entende!

Nem a dor e o desejo de acabar com tudo.

São traumáticos.

Tenho muito pouco de alegria para recordar,

Tenho poucas boas lembranças onde me agarrar.

Para continuar procurando desejar viver.

Suicídio é para sempre!


Cirlene Perroud

Curitiba - março 2007

Respeitar Direito Autoral é ético!

Pensamento de um minuto






Meus pensamentos, quem me dera saber descrevê-los.
Meus sentimentos, quem me dera fossem respeitados.
Meus sonhos, quem me dera não se tornassem frustrações.
E tudo o que eu queria era somente ser feliz.

Hoje sei por que alguém se torna demente.
Ele se enrola em suas dores internas e neles fica.
Porque não consegue entender de onde vêem.
Nem porque seus sonhos não se transformam em verdade.
Muito menos porque não saem desse vai e vem.

Dores que cravam no peito a vontade de morte.
Sem sofrimentos, nem tubos, nem nada.
Porque a vida é menos do que a vaidade.
É efêmera, passageira,... incisiva!

O momento da escolha é um segundo,
E nesse momento se pensa ter o mundo,
Na frente vai o estandarte principal,
A vontade ser feliz, um desejo profundo.

Mas num minuto tudo muda de cor,
As coisas perdem o rumo e onde vai parar o amor?
Ele foge e se esconde na relva,
Dos sentimentos confusos, da vida e da dor.

Cirlene Perroud - Pretusca
Um dia qualquer de março de 2007 em Curitiba
(Respeite o Direito Autoral - Se for copiar cite o autor)